Guarda Preobrazhensky
Agindo como a força de elite do exército do Czar Pedro, o Grande da Rússia, o regimento Preobrazhensky acabou por se tornar um dos mais importantes regimentos do Império Russo ao decorrer de suas participações em combate e até mesmo suas intervenções políticas. O soldado do regimento Preobrazhensky também servia como guarda-costas imperial e, com essa função, os guardas preobrazhensky conseguiram alcançar um prestígio maior dentro do exército russo e conquistando um maior poder político no cada vez mais ascendente Império Russo.
O regimento Preobrazhensky traça suas origens na infância de Pedro I. Quando Pedro tinha 10 anos, ele gradualmente foi montando um pequeno exército com o propósito de se divertir e aprender mais sobre a arte moderna de guerra. Esse exército em miniatura era composto principalmente pelos amigos de Pedro, filhos de nobres e adultos assistentes da corte de seu pai, Aleksey.
Os garotos sempre brincavam de guerra, entretanto, conforme eles cresciam, suas brincadeiras evoluíam para verdadeiros exercícios militares e oficiais estrangeiros foram contratados para consultoria. Os soldados de brincadeira que Pedro juntou logo aumentaram em contingente se tornaram um verdadeiro componente do exército imperial russo. Seu tamanho possibilitou a criação de dois regimentos: O Regimento Preobrazhensky e o Regimento Semenovsky. Ambos os regimentos foram criados oficialmente em 1695 e Pedro fez parte de seu próprio exército, começando como um simples artilheiro e, a partir daí, se tornando Coronel e líder de seus regimentos.
Bandeira do Regimento Preobrazhensky
O equipamento do regimento Preobrazhensky era praticamente o mesmo da infantaria comum na época de Pedro, o Grande, apesar de que ao contrário de outros regimentos de infantaria, este era composto principalmente pela nobreza russa. Seu uniforme era da cor verde escuro com as mangas e calças vermelhas, além do chapéu de infantaria.
Os mosquetes usados pelo regimento Preobrazhensky e pelo resto da infantaria russa eram do mecanismo de fecho de pederneira, que começara a ser introduzido na Rússia pelo próprio Pedro I como parte de suas reformas militares. Era comum também que os soldados e oficiais usassem espadas ou alabardas para combate próximo e para impedir o avanço da cavalaria inimiga, respectivamente.
As táticas de guerra implementadas na reforma de Pedro I revolucionaram o modo de se guerrear na Rússia e suas reformas abriram o caminho para a modernização do exército russo. As táticas russas eram focadas na ofensiva, isso é perceptível já que a infantaria russa foi a primeira a usar as baionetas, originalmente feita para a defesa, como mais uma arma de ataque.
Em contrapartida a maioria dos exércitos europeus, o exército russo era bem mais nacional, consistindo primariamente de soldados conscritos em território russo, ao invés de mercenários como nos outros exércitos europeus. Além de seu uso em campo de batalha, o regimento Preobrazhensky também era usado como polícia militar, tendo poder o suficiente para aprisionar um nobre ou oficial do exército.
Oficial e soldados da Guarda Preobrazhensky
As batalhas mais importantes as quais os guardas Preobrazhensky participaram foram as Campanhas de Azov e a batalha de Poltava. As campanhas de Azov duraram um ano, de 1695 a 1696 e tinha como objetivo a captura da fortaleza de Azov das mãos dos otomanos. Tal fortaleza impedia o acesso dos russos para o Mar de Azov e o Mar Negro.
A abordagem anterior de Pedro I ao tentar mover suas tropas pelas estepes fora desastrosa e, dessa vez, ele tentou mover suas tropas pelos rios. A primeira campanha ocorreu em 1695, com Pedro I conseguindo bloquear o acesso da fortaleza com a terra. Entretanto, a falta de uma superioridade naval não impediu que a marinha otomana mandasse suprimentos e mantivesse sua guarnição bem abastecida durante o cerco.
Logo, as forças russas não conseguiram penetrar nas defesas otomanas e eles foram forçados a levantar o cerco. Apesar disso, Pedro I tinha compreendido que seu erro foi não possuir uma superioridade naval e logo investiu pesadamente na marinha, construindo uma frota inteira somente para tomar a fortaleza de Azov, para a qual ele retornou em 1696.
A tática deu certo, com a marinha bloqueando o acesso de suprimentos para as forças otomanas, enquanto a cavalaria russa atacava pelo rio Dnieper. Após sofrer intenso bombardeio pela frota russa, a fortaleza de Azov se rendeu em 19 de Julho de 1696 e a vitória dos russos marcou o início da transformação da Rússia em uma potência marítima.
A batalha de Poltava ocorreu durante a Grande Guerra do Norte em 1709. A guerra começara em 1700, quando uma coalizão liderada pelo Império Russo procurou contestar o domínio do Império Sueco sobre o Mar Báltico e tentar consolidar a autoridade russa sobre o território. Após uma série de vitórias, o exército sueco marchou para o território russo.
Sob a promessa de um exército aliado e com recursos escassos, Karl XII da Suécia marchou até a Ucrânia para se reunir com o líder dos cossacos, Ivan Mazepa. Entretanto, as expectativas de Karl XII foram frustradas quando o mesmo chegou na Ucrânia, se deparando com o exército russo destruindo todos os recursos que antes pertenciam aos cossacos e que serviriam para suprir o exército sueco e, além disso, também uma forte oposição dos próprios cossacos contra os aliados de Mazepa.
Com seu exército encolhido e sem recursos o suficiente para uma ofensiva decisiva, Karl XII optou por sitiar a fortaleza de Poltava, onde ele foi atingido por uma bala perdida no pé, não podendo ficar de pé. Quando uma força russa começou a se aproximar para aliviar o cerco, ele passou o comando do exército para o general Carl Gustaf Rehnskiöld, enquanto os russos liderados por Pedro I continuavam se aproximando.
As manobras militares russas se demonstraram insuportáveis para o exército sueco, com a batalha se transformando em uma variação da batalha de Canas. Com o exército sueco completamente cercado e com as formações russas invulneráveis a um contra-ataque, o exército sueco não teve outra opção além da rendição. O general Rehnskiöld foi capturado, assim como vários outros oficiais suecos enquanto o rei Karl XII e o rebelde cossaco Ivan Mazepa foram forçados a fugir para a Moldávia, na época território otomano.
As baixas totais foram de 6900 a 9234 mortos e de 2800 a 2977 capturados para os suecos e 1345 mortos e 3290 feridos para os russos. A batalha consolidou o início do fim da Suécia como potência europeia, assim como transformou o Império Russo como uma nova potência europeia, tomando o lugar da Suécia.
A Batalha de Poltava, Dennis Martens, o Jovem
Mesmo com a morte de Pedro I, a guarda Preobrazhensky teve um papel importante na Rússia, principalmente com a sua participação no pacífico golpe de Estado promovido por Catarina II com a ajuda deles. Com a ascenção de Catarina, a Grande ao trono, a guarda Preobrazhensky conseguiu um maior prestígio e participação no exército e na política russa. O regimento Preobrazhensky logo se tornou parte da Guarda Imperial Russa e um de seus primeiros regimentos, se tornando a maior ordem de procedência militar em 1762.
Além de terem colocado a imperatriz Elizaveta no poder em 1741, eles também tiveram participação ativa em várias guerras na história da Rússia. Como a Guerra de 1812 contra Napoleão e, também, na Primeira Guerra Mundial. O regimento Preobrazhensky, entretanto, acabou por ser debandado em Dezembro de 1917, durante a Revolução Russa, pelo seu próprio general, Alexander Kutepov. Todavia, ele foi reestabelecido em 2013 pelo governo russo como o 154º Regimento de Comandante Independente Preobrazhensky, atualmente servindo como a guarda de honra do exército russo.
Guarda de Honra russa na tumba do soldado desconhecido
De jovens amigos do czar para soldados altamente capazes até grandes influenciadores da política russa, a Guarda Preobrazhensky tornou-se um importante componente do exército russo, lutando em várias grandes e decisivas batalhas a qual o Império Russo participou, ajudando a construir a Rússia como potência europeia e também lutando com coragem para vencer todos os conflitos os quais se envolviam. Atualmente como guarda de honra do governo russo, os Preobrazhensky tiveram um retorno digno e, provavelmente, terão um futuro ainda mais digno de sua honra em combate.
FONTES:
KONSTAM, A. Peter the Great’s army (1): infantry. Reino Unido: Osprey Publishing, 1993. 48 p.
STONE, D. R. A military history of Russia: from Ivan the Terrible to the war in Chechnya. Estados Unidos: Greenwood Publishing, 2006. 280 p.
MENNING, B. W. Preobrazhensky guards. Disponível em < http://www.encyclopedia.com/doc/1G2-3404101060.html > Acessado em 16 de Abril de 2015.
TRUEMAN, C. N. Peter the Great – military reforms. Disponível em < http://www.historylearningsite.co.uk/peter-the-great/peter-the-great-military-reforms/ > Acessado em 16 de Abril de 2015.
Comentários
Postar um comentário