Batalha de Sinop, a última grande batalha da era da vela.

 

Pintura representando a batalha de Sinop.



A Batalha de Sinop foi um dos primeiros confrontos da Guerra da Crimeia, sendo travada no dia 30 de novembro de 1853, no porto da cidade de Sinope, atual Turquia.

Prelúdio:

Em 16 de outubro de 1853 começou a guerra da Crimeia, em questão de meses as esquadras militares de ambos os países já estavam navegando pelo mar Negro e era questão de dias até um confronto naval acontecer.
E ele aconteceu no dia 30 de novembro.

No dia 23 de novembro, o almirante russo Pavel Nakhimov, tentou capturar a esquadra otomana no Mar Negro que era comandada pelo almirante Osman Paxá, a perseguição os levou ao porto de Sinop, vendo sua situação com navios relativamente inferiores, Osman Paxá ordenou que seus navios ancorassem no porto, assim poderiam ter apoio da artilharia em terra contra os russos.

As frotas de ambos os lados eram relativamente pequenas para potencias da época, a frota russa continha 1 navio de linha, 1 fragata e 6 corvetas a vapor.
Já a frota turca continha 7 fragatas e 5 corvetas( a vela.).
Tendo isso em mente o almirante russo ordenou que sua única fragata fosse buscar reforços e declarou um cerco ao porto.

A batalha:

Foram seis dias de cerco sem nenhum enfrentamento e a tensão se acumulava.

No 5 dia os reforços russos finalmente chegaram, sendo 5 navios de linha e uma fragata comandados pelo vice-almirante Feodor Novosilsky.

No sétimo dia a esquadra russa entrou no porto em uma formação triangular pelo noroeste. O almirante russo manobrou seus navios sem disparar um tiro até estar no meio da formação inimiga seguindo o exemplo do almirante britânico Nelson em Trafalgar, dessa forma os canhões turcos em terra atirariam em seus navios.

Os navios russos eram relativamente superiores aos turcos e isso era provado em seus canhões modelo "Obuses Paixhans", esses canhões eram equipados com munição explosiva ao qual os navios turcos não tinham blindagem suficiente para aguentar sendo explodidos em pedaços.

Devido a superioridade numérica e melhor armamento os russo afundaram vários navios inimigos incluindo a Nau Capitânia comandada por Osman Paxá que morreu na batalha.
Todos os navios turcos foram afundados apenas uma corveta escapou para Constantinopla.
As baixas russas estão entre 37 mortos, 229 feridos e três navios de linha danificados e um vapor foi a pique. As baixas turcas estão entre 3000 mortos incluindo o almirante, e tiveram quase todos os seus navios destruídos.

Consequencias:

A vitória sobre a frota otomana foi recebida com júbilo em São Petersburgo, pois em tese o controle do Mar Negro assegurava uma nítida vantagem estratégica e abriria caminho para a completa vitória dos russos no conflito em curso, o que acabou não se verificando face a intervenção anglo-francesa.

O ataque foi tratado como injustificado e causou uma onda de sentimento anti-russo na Europa Ocidental. Os governos e a opinião pública no Reino Unido e na França mostraram-se indignados e houve intenso clamor em favor da entrada destas potências na guerra.

Sinop forneceu ao Reino Unido e a França o “casus belli” para declaração de guerra contra o Império Russo e a intervenção em favor dos otomanos, embora, em última instância, a verdadeira motivação fosse conter a expansão russa de acordo com política de equilíbrio de poder e a possibilidade de obtenção de vantagens comerciais junto à “sublime porta”.

A campanha da imprensa na Inglaterra e na França buscou representar a batalha como um ataque inesperado ou uma emboscada; sendo esta posteriormente considerada como um exemplo de “manipulação de mídia”.

Considerada a última grande batalha naval da era dos navios à vela; a batalha de Sinop representou um marco para a estratégia de guerra naval no século XIX, evidenciando a eficácia da utilização dos obuses Paixhans que induziu o desenvolvimento dos navios encouraçados.

Fonte: 

Naval wars in the Levant 1559–1853 (1952) - R. C. Anderson


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