Mikhail Kutuzov, o temido Marechal caolho da Rússia

 Mikhail Kutuzov foi um marechal de campo russo, famoso por seus combates na era napoleônica.


Kutuzov nasceu em 16 de setembro de 1745, em São Petesburgo.

Entrou para o exército russo em 1759, aonde prestou serviços na Polónia em 1764. Foi transferido para a luta contra o Império Otomano, tendo perdido um olho em ação.

Em  1784 tornou-se major-general e em 1787, governador-geral da Crimeia. Sob as ordens de Alexander Suvorov, de quem se tornou discípulo, ganhou considerável distinção na Guerra Russo-Turca de 1787-1792, na tomada de Ochakov, Odessa, Tighina e Ismail, bem como nas batalhas de Rimnik e Mashin. Em (1791) tornou-se tenente-general, ocupando, sucessivamente, as posições de embaixador em Constantinopla, governador-geral da Finlândia, comandante do corpo de cadetes em São Petersburgo, embaixador em Berlim e governador-geral de São Petersburgo.

Com o advento das guerras napoleônicas na Europa, ele comandou as tropas russas na épica batalha de Austerlitz, foi ferido durante o combate e obrigado a se retirar.

Um ano depois em 1806 foi feito governador geral da Lituânia e de Kiev. Nessa mesma época foi eleito comandante das tropas na Guerra Russo-Turca de 1806 a 1812. Sabendo que suas tropas seriam necessárias na luta contra os franceses, ele acelera a assinatura do Tratado de Bucareste, tratado este que anexava Bessarábia ao Império Russo. Por tal feito foi elevado ao titulo de príncipe (Knyaz) por tal feito.

Mikhail Kutuzov com seus oficiais na batalha de Borodino.

Quando Napoleão invadiu a Rússia em 1812, Mikhail Bogdanovich Barclay de Tolly (então, Ministro da Guerra) decidiu seguir o princípio bélico da "terra queimada" e procedeu à retirada, em vez de correr o risco de entrar em Batalha. A sua estratégia valeu-lhe a inimizade de vários militares, principalmente por parte do talentoso general Pyotr Bagration. Kutuzov foi novamente nomeado comandante-em chefe do exército a 17 de agosto, sendo saudado com grande satisfação. Apesar da retórica de Kutuzov em sentido contrário, seu labor foi de continuidade a respeito da estratégia de Barclay de Tolly, pois ele também contemplava que o enfrentamento direto contra os franceses em combate aberto poderia representar o inútil sacrifício de seu exército. Após uma breve batalha sem resultados em Smolensky (entre 16 e 18 de agosto), estabeleceu-se numa linha defensiva em Borodino; nas proximidades de Moscou. Os dois grandes exércitos defrontaram-se perto da povoação à 7 de setembro de 1812; naquela que viria a ser descrita como a maior batalha da história da humanidade até à altura, ao envolver cerca de um quarto de milhão de soldados.
A Batalha de Borodino terminou com um quarto dos franceses e metade dos russos mortos ou gravemente f id A Guerra Patriótica (1812)feridos. Face a impossibilidade de receber reforços, depois da famosa conferência na aldeia de Fili. Kutuzov ordenou a retirada, de forma a poupar o restante das tropas russas. Moscou estava, então, perdida e nas mãos dos franceses. A população residente, entretanto, foi evacuada.O exército russo retirou-se para a estrada de Kaluga buscando reabastecimento e aguardando reforços. Após ocupar Moscou durante um mês e meio, Napoleão não teve outra alternativa senão ordenar a retirada dos franceses, pois apesar da vitória em campo, perdera na batalha de Borodino uma significativa parte dos seus efetivos e estava sem provisões que lhe permitissem marchar contra São Petersburgo ou mesmo manter a praça conquistada. Durante a retirada, Kutuzov empregou táticas de guerrilha para fustigar constantemente os franceses, debilitando ainda mais o exército napoleônico, que já sofria as fadigas decorrentes da falta de víveres e da marcha acelerada sob as baixas temperaturas do outono russo. As precauções do velho general de evitar um embate em larga escala, que eventualmente viesse a provocar baixas elevadas entre as tropas russas; deram origem a muitas críticas, mas foi graças a tal estratégia que a Grande Armée viu-se cada vez mais enfraquecida, antes de chegar a solo prussiano. Observa-se que após a batalha de Borodino não houve nenhum outro enfrentamento de grandes proporções, verificando-se embates de menor porte como na Batalha de Maloyaroslavets, Batalha de Krasnoi e na Batalha de Berezina. Entretanto, Napoleão cruzou o Niemen com apenas 120 000 homens (menos de 20% do total de seus efetivos no início da campanha). Kutuzov foi promovido à Marechal-de-Campo e honrado com o título de Sua Serena Alteza, Príncipe (Knyaz) de Smolensky (Светлейший князь Смоленский); pela sua vitória em Krasnoi (próximo à cidade Smolensky) em novembro de 1812.

No início de 1813, Kutuzov adoeceu, vindo à falecer em 28 de abril daquele mesmo ano, na localidade de Bunzlau. Monumentos à sua memória foram, então erigidos na colina de Poklonnaya em Moscou e em frente à Catedral de Kazan, em São Petersburgo, onde foi sepultado. Como Mihail Kutuzov não deixara descendentes diretos na linha masculina, o nome do Golenischev-Kutuzov foi transferido por decreto em 1859 a seu neto, o major-general Pavel Matveyevich Tolstói. Entre os generais russos, Kutuzov só perde em popularidade histórica para o seu mestre, Alexander Suvorov. Alexandre Pushkin escreveu sobre o seu túmulo uma famosa elegia em sua honra. Entrou, entretanto, no imaginário popular muito graças ao facto de se ter tornado numa das personagens centrais na obra Guerra e Paz de Liev Tolstói, onde é caracterizado como um sábio líder popular. Durante a Grande Guerra Patriótica (1941-45), o governo soviético criou a Ordem de Kutuzov que foi, entretanto, preservada como condecoração na Rússia, mesmo após a dissolução da União Soviética, permanecendo como um dos mais importantes galardões militares da Federação Russa.

Monumento de Kutuzov em São Petesburgo.

Medalha da Ordem de Kutuzov.


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